O racismo estrutural vem eliminando negros de inúmeros países, infelizmente. E que vem tornando-se comum em alguns países – que, por sua vez, não aceitam negros -. Pois bem, Ficção Americana é simplesmente uma obra dramática, que se aproveita destes momentos com o intuito de ser cômico. Desde acontecimentos mais sérios – como doenças, incluindo Alzheimer -, a relações desilusivas entre casais e irmãos e assim em diante. Mas mesmo tratando temas deste tipo com um certo humor, o mais novo longa de Cord Jefferson é feito com maestria.
No entanto, no primeiro ato, o filme nos apresenta o protagonista (Jeffrey Wright) de uma forma bastante veloz. Porém, nos levando a conhecer aos poucos o personagem de Wright. Que nos leva a uma vida realmente melancólica, cujos irmãos ele não os vê com tanta frequência, sua mãe (Leslie Uggams) com um início de demência e Alzheimer. E neste quesito, a narrativa é hábil ao nos levar e sentir cada uma destas situações, de uma forma mais lenta e calma, diferentemente do ritmo ao início do filme, em suas primeiras cenas.
Ambientado em um pequeno bairro localizado em Boston, o longa nos leva, ainda no primeiro ato, a uma relação entre o protagonista Monk e sua irmã Lisa (Tracee Ellis Ross). Que, como já é de costume em obras deste gênero, instável. E quanto ao protagonista, vemos desde idas a lojas, livrarias ou em avenidas mesmo, um certo preconceito com negros. Preconceitos que são abordados e narrados pelo ótimo roteiro de Jefferson, de uma forma excepcional.
Este preconceito, porém, vemos também com o próprio apelido dado ao protagonista. Afinal, ‘’Monk’’ vem de ‘’macaco’’ no Inglês, que soma a todos os belíssimos acertos da direção, nesses mínimos detalhes. A verdade, é que Ficção Americana deve tanto às emoções, narrativamente falando, quanto à nossa terrível realidade.
Contudo, de um ponto de vista de linguagem, a direção de fotografia de Cristina Dunlap é hábil ao usar e abusar de travellings, que, junto à direção de arte, complementa a obra sublimemente em relação a cores sóbrias na casa do protagonista, e cores quentes na iluminação do local. Fazendo um certo contraste entre as emoções de Monk, que a medida em que ele passava por situações melancólicas, algo positivo ocorria com ele logo após.
Cômico dramaticamente do início ao fim, Ficção Americana é mais uma obra formidável com uma simples – porém, importante – mensagem em relação ao racismo, mas que se aproveita de péssimas situações em relação aos protagonistas, para fins humorísticos.
E esta é sua grande virtude.
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