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Writer's pictureGabriel Sousa

Argentina, 1985 - Crítica: 5/5

Updated: Feb 23, 2023

Filme com um tema subestimado e uma produção de um país mais subestimado ainda, já é de se esperar um filme curioso ao expectador e atraente ao crítico. Santiago Mitre nos dá tudo e mais um pouco com esse drama, que tem tudo aquilo que precisamos apreciar.


Argentina, 1985 é um filme que o expectador precisa entender qual é a proposta dele, como um filme cult. E para isso é necessário uma boa assistida, prestando atenção não só naquilo que normalmente damos mais atenção, como por exemplo, a cinematografia. Mas sim dar mais atenção a montagem, a edição de efeitos sonoros e a mixagem de som. Trilha sonora é bastante importante, não só para dar aquele clima de tensão no ar, mas também para dar uma certa continuidade às cenas. Entretanto, aqui vemos de uma forma diferente como em obras anteriores O Irlandês e o clássico de Francis Ford Coppola, O Poderoso Chefão. Quando a câmera vai se aproximando lentamente ao personagem, a trilha sonora sobe o acorde e é claro, nos dá uma sensação de que algo chocante e inesperado irá acontecer.


A psicologia das cores, como também temos no teatro, no cinema funciona da mesma maneira. E em Argentina, 1985 se faz presente e faz com louvor. A cinematografia é impecável não apenas nesse quesito, como por exemplo, planos médios quando há diálogos tensos entre os personagens. E nessa característica citada, vemos um ótimo trabalho de Javier Juliá, colocando planos americanos com um figurino e um cenário azulado ao fundo e, ao contrário, colocando planos médios com roupas e iluminação mais vermelhas, mais quentes. Isso se faz presente em praticamente todo o segundo ato.


Entretanto, quando assisti ao filme, tive a sensação de estar assistindo à algum filme de Quentin Tarantino, como por exemplo, Pulp Fiction e Cães de Aluguel. Todos esses exemplos que dei tem uma coisa em comum. São feitos com uma montagem mais estruturada. Pois bem, o roteiro de Santiago Mitre e Mariano Llinás, é sutil ao apresentar cada época de uma forma mais desacerbada, mais lenta. Obviamente, a narrativa teria que ser assim, até por ser uma época retratada de muitos anos atrás que, como já havia apontado, tem sua veracidade.


Argentina, 1985 é belo, com traços de ótimos profissionais que fazem desse país e desse tema tão subestimado, um verdadeiro show, uma verdadeira montagem, roteiro, mise-en-scène e direção.

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