Qualquer elemento positivo que há em Duna: Parte Dois, se deve aos seus acertos visuais e técnicos. Afinal, para um longa deste gênero de ficção científica, tais acertos teriam que ser extremamente precisos. O cineasta Denis Villeneuve – cujo longa anterior a este é, no máximo, mediano – não mediu esforços para tais feitos. No entanto, desta vez, Villeneuve não realizou uma obra em que eu diria ser formidável. E nesta sequência, esteve bem longe disso.
Ambientado em dunas de areias no deserto – cujo local o plano final do primeiro filme o retratou -, o roteiro nos leva ao mesmo lugar onde houve a conclusão do filme anterior. Nos apresentando aos personagens do primeiro filme com uma certa rapidez, o roteiro de Villeneuve é, neste quesito, falho ao apresentar os protagonistas tão rapidamente. No entanto, Paul Atreides (Timothée Chalamet) é retratado, desde o primeiro ato até o clímax, no terceiro ato, de uma forma em que o espectador tema pelo protagonista. Sendo assim, esta escolha em não o tratar como um personagem ileso a qualquer minuto, é hábil.
Nenhum destes elementos funcionariam, porém, sem a sublime direção de arte de Patrice Vermette. Os cenários de Duna: Parte Dois são, apesar de simples, belos. Entretanto, este acerto não é tão redentor, afinal, o longa é filmado em poucos locais. Contudo, o que soma também à direção de arte, é a belíssima cinematografia de Graig Fraser. Faz da narrativa um ótimo complemento, deixando de lado alguns problemas do roteiro.
A verdade é que Duna é um filme belo, de um ponto de vista visual; fraco narrativamente falando. E neste roteiro, já citado anteriormente, cabe citar também que, mesmo a narrativa não tratar o protagonista de uma forma ilesa, é cansativa a ponto de desviar alguns diálogos ou breves falas dos personagens. Um erro que predomina durante o segundo ato inteiro, perdendo totalmente a coesão da trama.
Interpretado satiricamente por Austin Butler – me lembro de tê-lo visto como coadjuvante em Era Uma Vez Em... Hollywood, e como estrela no mais recente Elvis, de Baz Luhrmann – como Feyd-Rautha, Butler é hábil ao dar vida a um personagem que, em outros casos, soaria clichê, típico de antagonistas deste gênero. E claro, soma aos acertos técnicos que citei. Uma ótima performance que o roteiro, apesar de suas falhas citadas anteriormente, o faz com maestria.
Ainda para se destacar no longa, há o belíssimo trabalho de efeitos sonoros – e convenhamos, para uma obra de ficção científica, este elemento é fundamental -. Fazendo de cenas com um teor, digamos... caótico, belos momentos angustiantes, com um certo exagero.
Mas este exagero não é um defeito, é uma virtude.
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