É comum, ao assistir a um filme, refletir e sentir que uma antiga obra teve e tem elementos narrativos bastante similares. Seja pelo fato de ter uma trama, um design de produção similar, ou até mesmo ângulos utilizados pelo diretor de fotografia parecidos. Mas isto deve ao fato também de que, ao lembrar de uma antiga obra, imaginamos o que ela desperdiçou e o que a atual usou a seu favor. Pois bem, este foi o caso do mais recente longa de George Miller, ‘Furiosa: Uma Saga Mad Max’. A reflexão e lembrança, portanto, foi em relação aos também recentes longas ‘Duna’ e ‘Duna: Parte Dois’, ambos dirigidos pelo cineasta Denis Villeneuve. E aqui, em ‘Furiosa’, tais elementos visuais, narrativos e técnicos foram usados com mais eficiência.
Abrindo o longa com uma cena nos introduzindo à infância da protagonista Furiosa (Taylor-Joy), o roteiro é hábil ao narrar, através de um narrador observador, desde diálogos simples até conduzir o espectador à grande problemática da narrativa, executada no primeiro ato. Dando continuidade a problemática, rapidamente o filme nos apresenta também os antagonistas que, durante o primeiro ato, não tem tanta importância para o desenvolvimento da trama.
Ao nos apresentar o antagonista Dementus (Chris Hemsworth), vemos outro grande acerto da direção e do roteiro de Miller, pois, apesar de apresentar a problemática rapidamente, a introdução ao antagonista é bem lenta, mas que esta lentidão é recompensada a partir do segundo ato do longa. E o tal antagonista, interpretado por Hemsworth, é seco, duro e sarcástico a ponto de fazer com que suas leves piadas em algumas de suas falas, tornem-se parte de tal figura detestada pelo espectador.
Como já havia apontado anteriormente, a fotografia, elementos técnicos e visuais de modo geral, são importantíssimos para que a atmosfera do longa – densa e tensa, por sinal – flua de uma maneira sublime, imprescindível. Fazendo com que, ao intercalar as suas cinco partes por meio de time-lapses, esta tal atmosfera predomine por bastante tempo. E claro, o envelhecimento por parte da protagonista seja muito bem acentuado. A verdade é que o filme, de modo geral, ao acompanhar a trajetória da personagem Furiosa, de sua infância até o seu retorno para casa, serve igualmente como um ótimo estudo de personagem, mesmo que se trate, majoritariamente, de um filme de ação/aventura. E cabe citar o trabalho sobrenatural de Junkie XL, que contrapõe à direção de arte e fotografia. Pois, como citei, o longa tem uma atmosfera imensamente densa, e por isso a formidável trilha sonora contribui muito para esta tensão, principalmente no terceiro ato.
E para George Miller, ‘Furiosa’ é um acerto formidável de um ponto de vista narrativo. Consequentemente, fabuloso em termos técnicos e visuais. E o tal exagero ao estender a narrativa o mais extenso possível, não é uma falha. Tão pouco para a trama. E assim, nos entrega um drama por parte da protagonista, e ótimas cenas de ação, aventura e suspense na sua duração de duas horas e meia.
E esta extensão é que o torna mais versátil.
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