Há um certo tempo, o assunto ‘’Guerra Civil’’ no Brasil não entrava em pauta. E em relação a este assunto, podemos observar com uma enorme vastidão diversas guerras civis ao redor do mundo. E um bom exemplo disso são os EUA. Enfim, o cineasta Alex Garland não mediu esforços ao retratar em um longa de quase duas horas de duração cenas extremamente deploráveis no país norte-americano. E eu diria que essa mais recente obra é, além de corajosa, fundamental ao nos inserir neste contexto. Afinal, sabemos que em qualquer país – inclusive o nosso – é possível haver este terrível acontecimento.
Ao nos inserir ao longa com um plano retratando um discurso do presidente norte-americano, Garland é hábil ao não revelar o propósito da trama. Sendo assim, vai aos poucos nos dando pistas para o que virá em seguida. E com isto, a montagem corta deste plano a um verdadeiro caos no centro da cidade. Pois bem, a trama acompanha um grupo de jornalistas que fotografam o local, com o intuito de ir à capital Washington para falar com o presidente.
Aos nos apresentar estes jornalistas, portanto, o roteiro de Garland consegue estabelecer uma formidável relação entre cada um. Os protagonistas Joe (Wagner Moura) e Lee (Kirsten Dunst); o colega também jornalista Sammy (Stephen Henderson); e a jovem Jessie (Cailee Spaeny). Esta relação, portanto, é um acerto da direção de Garland, fazendo com que o espectador tema por eles o maior possível. E neste trajeto, afinal, não poderia ser diferente. Pois a cada local em que paravam, a tensão aumentava gradativamente por conta do que encontravam no caminho.
Como citei anteriormente, a montagem tem um papel extremamente preciso no longa. E, a partir do segundo ato, este quesito tem um grande protagonismo. E isto deve-se ao fato de que, com a ajuda do roteiro, a construção do suspense é feita com louvor. Ao intercalar diálogos e cenas de ação, o longa gera um sentimento de pavor no espectador. Fazendo com que simples diálogos transformem-se em uma mistura de angústia, medo e, principalmente, tensão. Uma digníssima oscilação entre o calmo e o férvido.
Nenhum destes elementos funcionaria, porém, sem a sublime trilha sonora da dupla Ben Salisbury e Geoff Barrow. Esta trilha, junto à montagem e o roteiro, dá a estas tais cenas uma verossimilhança tamanha à guerra de modo geral. Pois a oscilação que citei anteriormente, não seria possível sem este pequeno detalhe.
É um fato dizer que o assunto da guerra civil não pode ser visto pessoalmente para nós, mas se olharmos na arte vemos o quanto estamos rodeados de inúmeras guerras civis. E este longa, Guerra Civil, é simplesmente uma das centenas maneiras de nos mostrar e retratar tais fatalidades. Ao oscilar entre emoções antônimas, a obra de Alex Garland é hábil em todos os sentidos.
E é dirigida com pura maestria.
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