Com uma premissa dessa e um ótimo diretor que ganhou uma indicação no Prêmio de Cinema Alemão na categoria de melhor direção, melhor filme e melhor roteiro original, Edward Berger desta vez aposta num filme de assunto muito subestimado e até desprezado pela crítica na minha opinião. Como um amante da Alemanha por sua cultura, pelos seus costumes e principalmente pelo expressionismo alemão (O Gabinete do Dr. Caligari, Nosferatu e Metropolis), Sei o quanto uma produção desse país promete muito a nós expectadores e amantes do cinema alemão. Tratando-se de um filme que retrata um período histórico e triste para muitos, já é de se esperar que nos agrade. E em Nada de Novo No Front, Edward Berger não nos decepciona em momento algum.
Pois bem, em seu primeiro ato, o roteiro de Edward Berger, Ian Stokell e Leslie Patterson, é bastante sábio ao deixar os protagonistas de uma forma mais ilesa, com menos perrengues e mais favorecidos. Porém isso dura até o início do segundo ato, que é quando os roteiristas 'invertem' os papéis, os deixam para trás e claro, com menos destaque, menos favorecidos e menos ilesos. Diferente dos antagonistas franceses e o chefe do QG alemão, que são bastante tendenciosos à vacilarem e a deixar seus soldados na mão em um certo momento da trama. O mais importante é que todos os protagonistas constroem um 'time' bastante divertido. Cada um com seus atributos. Como já foi dito, esses atributos são colocados na trama de uma forma mais fácil e eficaz, pois a narrativa lembra outros longas como 1917, Dunkirk e O Mestre. E como os roteiristas a deixam mais interessante e instigante? Simples, deixam pontos que possam passar batidos pelo expectador através da mise-en-scène. Com mais importância e menos desleixos que em outros projetos. E com isso obviamente não quero dizer que esses outros longas são ruins. Ao contrário, são esses minuciosos detalhes que deixam os filmes 1917, Dunkirk, O Mestre e esse mais novo filme, Nada de Novo No Front, melhores e que eles são em todos os sentidos: impecáveis.
Um filme que é praticamente apenas montagem e som, como é Nada de Novo No Front, vemos cortes providenciais em cenas de ação, por exemplo quando os soldados alemães chegam em seu país, quando há tiroteios em guerra e principalmente quando há cenas em que os personagens estão dialogando sobre o acordo entre os dois países. Momento esse que se repete por toda a trama e a narrativa. Com isso o filme poderia perder muito, certo? Não. Diria que isso seria fundamental para que a obra não perca todo o seu glamour. Um ótimo trabalho de Edward Berger e Ian Stokell mais uma vez.
Para que haja momentos de tensão em um filme, o mais importante é ter uma ótima direção de fotografia. E por ser um filme que se trata de uma época e de um momento caótico, histórico e de guerra, ou melhor anti-guerra, a cinematografia de James Friend é fantástica. Seus movimentos enquanto há deslocamento dos soldados num cenário de batalha muito real e comovente, transitando por cada um dos personagens faz desses atributos que já apontei anteriormente, uma verdadeira cena de dor e sofrimento.
Nada de Novo No Front é seco e pacato, mas com um conteúdo bastante subestimado e comovente. É um filme com traços pequenos, porém reais e que provavelmente veio para ficar.
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