É demasiadamente difícil não pensar em Napoleão como imperador. E cabe ao cineasta, ao tratar de uma figura tão importante e emblemática, ter em mente de que nem sempre o longa pode servir à história – e, consequentemente, o espectador ter em mente de que um filme não é obrigado a servir exatamente a história -. Pois bem, este novo longa-metragem do cineasta Ridley Scott nos traz um ótimo filme com trejeitos de guerra, mesmo que em certos momentos falhe na narrativa, de como contar esta história.
Roteirizado por David Scarpa e dirigido por Ridley Scott, o filme nos leva ao início do império de Napoleão Bonaparte, na França do século 18. Neste quesito, observo um grande problema, uma grande dificuldade e falhas enormes ao tentar inserir o espectador na história. Isto porque, no primeiro ato, não há sequer sequências para que os personagens possam desenvolver algo. Nem que seja um ato ou uma fala. E aqui, a obra falha tanto no roteiro de Scarpa, quanto à montagem de Claire Simpson, que nem se dá ao trabalho de estabelecer uma ordem cronológica entre estes diálogos e falas dos personagens.
Felizmente, no segundo ato isto não se torna algo frequente no longa. Entretanto, ainda há diálogos, mas não há certas falas em que a montagem as divide – e falha bruscamente -. Contudo, porém, ainda aponto como algo positivo a atuação de Joaquin Phoenix – tendo vencido o Oscar em 2020 -. Mesmo que sua performance não seja o grande forte do longa, creio que, para o que o filme propôs ao ator, ele fez sim uma ótima performance. Mas, pelo que o filme poderia e teria a oferecer, acho uma atuação razoável, sem grande destaque, infelizmente.
E o filme ainda conta com a sublime fotografia de Dariusz Wolski, que faz um trabalho sensacional. Seus planos médios e fechados no rosto dos personagens, junto a um ótimo esquema de luz, fazem deste longa algo fantástico. A verdade é que Napoleão é um filme que – a meu ver - o espectador não se fixa à história do protagonista, mas sim aos acertos em relação à estrutura do longa – e assim, como havia citado, a fotografia. Além do sublime design de produção e da direção de arte, que dão vida ao filme, deixando assim aqueles tais erros do primeiro ato menos favorecidos.
Napoleão é, em suma, um filme que, certamente, não corresponde à história. Porém, é um longa que funciona à sua parte técnica. Sendo assim, um filme que deve à história, mas não à estrutura.
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