Nosso país está rodeado de ótimos profissionais, capacitados para fazer obras incríveis. E dessa vez, em O Pai da Rita, Joel Zito Araújo nos dá uma boa parte daquilo que, infelizmente, muitos brasileiros desprezam aqui. A simplicidade da produção é o que deixa esse longa com um toque a mais de maestria por Wilson Rabelo, Di Moretti, Ailton Graça e claro, Joel Zito.
Entretanto, no primeiro ato sabemos o porque seus futuros artifícios usados na narrativa são tão bem realizados como é aqui, em O Pai da Rita, Ela caminha e se desenha lentamente. Porém, uma narrativa muito lenta não quer dizer filme cansativo, e nessa obra não se faz presente em momento algum. Segundo ato lento, mas com diálogos úteis e tranquilos, planos-sequência fundamentais para o desenvolvimento das cenas e um design de produção autêntico. Esses atributos deixam o longa mais e mais comovente.
Joel Zito Araújo faz de sua premissa complexa e até complicada, uma ótima trama. Instigante e melhor gradativamente. Como já apontei, a narrativa lenta não é um defeito, e a mise-en-scène é fantástica e, em alguns momentos, se sobressaem mais do que em outras ocasiões. Inclusive, há muitos casos em que existe essas pequenas, quase não identificáveis ocasiões. Como por exemplo, quando Di Moretti tenta insistir à deixar seus protagonistas mais desleixados que, em partes, é uma culpa pequena da direção. Mas claro que passa longe de estragar o momento tão importante do longa.
Infelizmente, muitos roteiristas ao fazer um longa onde envolve mais de um protagonista, não conseguem fazê-los de uma forma tão unida e carismática como vemos em O Pai da Rita. Com Wilson Rabelo e Ailton Graça, testemunhamos um trabalho muito bom da direção e principalmente do roteiro de Di Moretti. Além das atuações que são fantásticas, vivendo como pessoas daquela comunidade, o roteiro nos deixa um sentimento de instigação no início, em seu primeiro ato, e em seu desfecho que infelizmente, não foi tão bem explorado como já apontei anteriormente. Triste em ver um trabalho que era tão bem estudado ser desprezado em sua conclusão final.
Joel Zito Araújo é, sem dúvidas, um ótimo diretor que, felizmente, trabalhou e investiu nesse projeto tão ganancioso à ele, à produção e à nós expectadores. Mas em O Pai da Rita comete erros pequenos, mas que são grandes ao nosso olhar. É um filme com grandes toques de uma cinematografia impecável, que provavelmente irá te agradar, mas que é confuso e que muito se repete.
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