Nove indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, não é para qualquer um. Mas nem sempre um longa que é cotado, elogiado e cortejado, seja um daqueles que agrade o espectador. Martin McDonagh o escreveu com muita cautela, sendo sempre estratégico para solucionar problemas da narrativa.
Escrito e dirigido por Martin McDonagh, Os Banshees de Inisherin se inicia colocando ações, atos para que o espectador sinta e mergulhe ao filme. Essas ''ações'' são colocadas no filme de uma forma muito inteligente. No primeiro ato vem as dúvidas, as ideias que se prolongarão ao longo do filme. Os Banshees de Inisherin é um filme que o espectador deve se esforçar, deve se prender ao filme. Principalmente por suas piadas e seus trejeitos de perturbante. Porém, este excesso para fazer com que o espectador sinta tais emoções, é medíocre.
Apesar de suas falhas - principalmente na falta de trilha sonora em algumas cenas - , Os Banshees de Inisherin sobrevive a sua fotografia. Cinematograficamente falando, Ben Davis nos toca neste longa. Com o uso da luz no momento certo, uma cor escolhida a dedo em um determinado plano e planos médios em personagens, nos dá aquilo que mais o espectador dá valor ao assistir à um filme. Sua cinematografia é excelente.
Entretanto, cenas lentas, pacatas e paradas não dão veracidade à obra. E em Os Banshees de Inisherin, a falta de trilha sonora deixa um vazio muito grande ao longa. Planos em que não há diálogos entre os personagens - por exemplo, ao mostrar uma paisagem, usar-se um plano geral - , são tão vazios que não há a imersão que o espectador tanto merece. No entanto, Os Banshees de Inisherin tem um fator a mais para que o espectador sinta tais emoções, tais sentimentos. Seu humor é ácido, com leves toques de sensualidade. Com isso que citei, quero dizer que, em momentos cômicos do filme, é notável o esforço e essa vontade inerente de fazer com que fiquemos a sorrir a todo custo.
Como já citei, o humor de Os Banshees de Inisherin é ácido. Além de fatores que já falei, suas atuações também ajudam a fazer com que o filme flua moderadamente. Colin Farrell dá vida à um personagem fraco, mas que resiste a alguns problemas no roteiro de Martin McDonagh, mais precisamente no clímax do terceiro ato. Colin Farrell faz aquilo que deve ser feito, faz seu papel, mas sem grandes alardes, que deixa o protagonista da trama mais do mesmo e com menos destaque do que sua premissa arquitetava.
Martin McDonagh escreveu esta obra sem grandes ressalvas. Soube solucionar os problemas da trama, mas infelizmente não soube desenvolvê-los do segundo ato até o desfecho do filme. Os Banshees de Inisherin é um filme com toques de acidez em seu humor, e que deve muito às emoções do espectador.
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