É demasiadamente complicado fazer com que uma comédia dramática nos surpreenda facilmente. Contudo, porém, há inúmeras exceções. Como, por exemplo, o último longa do cineasta Quentin Tarantino, Era Uma Vez Em... Hollywood. Dito isto, Alexander Payne faz desta premissa algo inovador. A princípio, Os Rejeitados é nada mais que uma comédia escrachada, mas que, ao longo de suas duas horas e treze minutos de duração, causa um sentimento de surpresa no espectador. Algo que um longa deste gênero não faz casualmente.
Ambientado em uma escola coberta pela neve e o frio no período do Natal, o longa não tem pressa ao tentar mostrar ao espectador o porquê de certos planos ou diálogos que servem apenas para fazer a trama mover lentamente. Pois bem, no primeiro ato, Payne não deixa claro as ideias que a direção nos quer deixar. Afinal, tudo fica mais evidente a partir do segundo ato. Mas o que vemos aqui, em Os Rejeitados, é uma típica trama de filmes com um certo humor ácido. Um grupo de garotos que foram deixados de lado, para serem obrigados a ficarem nesta escola – cuja escola eles a odeiam -. Entretanto, todos os cinco garotos chegam até a formar um grupo, digamos, divertido e cômico, cada personagem com sua personalidade.
Já no segundo ato, o filme nos leva a uma curiosa relação entre Hunham (Paul Giamatti) e Angus (Dominic Sessa). E esta relação é completamente oposta àquela do primeiro ato. Aliás, interpretado com tanta verossimilhança por Giamatti, ele faz de seu personagem um deleite ao espectador. É hábil ao ter uma personalidade seca, mal-humorada, fria e calculista ao lidar com seus alunos e hábil ao ter uma relação mais estável com Angus, além de Mary (Da´Vine Joy Randolph). Uma ótima performance que é, em suma, sublime.
Citada anteriormente, outra performance que aprecio neste longa-metragem, é a de Randolph. Ela dá vida a uma personagem que, em outras circunstâncias, poderia simplesmente não ter importância no decorrer na narrativa. Mas na trama de Os Rejeitados, ela é (assim como Giamatti) cautelosa, hábil e cômica em diálogos quentes e tensos, mesmo que tal fala não fosse fundamental para que a narrativa pudesse desenvolver-se.
E ainda para se destacar no filme, há a formidável fotografia de Eigil Bryld, que dá vida a planos que, talvez, poderiam soar vazios demais, sem tanta veracidade. E Neste quesito, Bryld faz um trabalho impecável, junto à direção de Payne. Que completa este belo longa, provocando as mais diversas emoções ao espectador.
Os Rejeitados não é um filme fácil. Contudo, porém, há certos clichês. Mas nenhum destes faz com que a obra seja tola. Ao contrário, isto soma a todos os elementos que apontei sobre o longa. É reflexivo, tocante e cômico, deixando de lado as breves falhas do roteiro.
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