Já se passaram oitenta e dois anos desde a estreia do clássico da Disney, Pinóquio. É impossível fazer com que um conteúdo tão bom - como este -, seja colocado quase cem anos depois, de uma forma medíocre. Mas Guillermo Del Toro e Mark Gustafson conseguem fazer essa proeza, deixando aquele conteúdo e aquela proposta - que já citei -, retroceder ao ponto de ser até cômico seu trabalho neste longa.
Logo no primeiro ato há uma tocante mensagem e planos fechados mostrando a expressão, o sentimento de Gepeto - dublado por David Bradley - que chega até nos tocar levemente, mas sem grandes ressalvas. Entretanto, coloca elementos e fatores que nada condizem com a trama. A partir do segundo ato, vemos uma forma vulgar de como estragar uma obra que caminhava para frente que, logo após isso que citei, retroceder tão rapidamente. Porém, apesar de tudo que há de negativo na narrativa, no roteiro e principalmente na montagem, não posso deixar de citar o feito que Guillermo Del Toro conseguiu fazer. Seus personagens e seu design de produção são tão realistas quanto autênticos, pois o espectador sabe o quanto é complexo fazer esse trabalho. E aqui, em Pinóquio, vemos bastante veracidade em seus protagonistas. Quanto aos antagonistas, os deixa com o rosto mais ruborizado, que passa a ser mais um fator para personagens tão reais.
Entretanto, não podemos deixar de apreciar boas cenas musicais, como há aqui em Pinóquio. Trilha Sonora bastante original, cenas bastante divertidas e cômicas ao tratar de temas sérios. Vejo que, em partes, foi uma decisão muito bem montada, muito bem arquitetada. E como já apontei, a trilha sonora é bastante original, não só em cenas em que há alegria e positividade, mas também ao deixar cada um de seus protagonistas lesos - assim como em Rocketman e Elvis - e todas essas obras que citei tem isso em comum. Não deixar seus protagonistas ilesos e fazer com que o espectador também se sinta apreensivo.
Não adianta ter uma trama emocionante, tocante e até nostálgica, mas que não sabe colocá-la num longa de pouco menos de duas horas. Narrativa rápida, e que não sabe para onde ir. Embora muitos desses fatores já foram bem desenvolvidos em outras obras que abordaram essa história - nisso incluo o clássico de Hamilton Duske - neste longa se desenvolve de qualquer jeito, esquecendo personagens no clímax do terceiro ato - ou seja, no ponto mais importante da narrativa - e que deixa muito a desejar seus papéis, seus trejeitos no desenrolar da trama.
Guillermo Del Toro com certeza deveria saber que em filmes desse gênero musical, não basta apenas cenas de fantasia e música, mas também dar vida àquilo que o espectador mais zela ao assistir ao filme, a montagem. Pinóquio é chato, repetitivo e com certeza, bastante decepcionante.
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