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Writer's pictureGabriel Sousa

Pobres Criaturas - Crítica: 4/5

O humor ácido do cineasta Yorgos Lanthimos, junto à sua maneira de provocar o espectador, é um dos principais fatores para Pobres Criaturas não ser tão distinto das premissas de longas anteriores do diretor. E isto abre espaço para seu mais novo longa-metragem que, satiricamente, aborda temas - como prostituição, por exemplo - de uma forma quase que perturbadora ou provocativa, indo gradativamente fisgando o espectador até o último minuto. E em suas quase duas horas e meia de duração, Lanthimos consegue este feito, e seu tom satírico o complementa.

 

Nos levando a um local absurdamente provocador, o longa nos conduz a uma rotina nada comum, mas que deixa desde os primeiros minutos pistas com que fiquemos a perceber tais atividades da protagonista, interpretada por Emma Stone. Lanthimos nos desafia mostrando a triste vida de Bella Baxter. Uma jovem cuja inteligência é de uma criança de dois anos. Esta relação que é estabelecida pela direção, soma a outros acertos técnicos do longa. Como, por exemplo, a fotografia vertical em preto e branco, que soma à belíssima mise-en-scène do filme.

 

Interpretada com maestria por Emma Stone, ela faz de sua personagem um motivo até de humor para o espectador no primeiro ato. Contudo, a medida em que sua personagem é presa a si mesma, principalmente por sua inteligência, nos traz a inúmeras cenas que dão um certo constrangimento ao espectador. Entretanto, sua tal inocência vai gradativamente desaparecendo a medida em que a trama se desenvolve. Mas esta performance, apesar de nos trazer cenas cômicas e constrangedoras, merece inúmeros aplausos. É simplesmente hábil em todos os aspectos.

 

Situado no continente europeu a partir do segundo ato, outro acerto que admiro no longa de Lanthimos é a brilhante direção de arte de Shona Heath e James Price. Afinal, lembremos que, neste quesito, a trama nos leva a diversos países. E o trabalho de Heath e Price é fundamental, pois ao nos levar de Lisboa a Paris, o cenário e o figurino dos personagens são modificados várias vezes. Mas todos os locais em que Duncan (Mark Ruffalo) e a protagonista frequentam, não perdem a enorme verossimilhança graças ao design de produção. E claro, isto dá ênfase aos personagens.

 

Pobres Criaturas não é um filme fácil, e não haveria como ser. É simplesmente belo, irônico e cômico. Lanthimos nos desafia, sendo hábil ao nos surpreender em seu desfecho. E como havia citado, seu tom satírico é exuberante, assim consegue nos capturar em poucas palavras.


Ou até mesmo nos deixar sem palavras. E esta é sua maior virtude.

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