Quando saí do cinema fiquei com uma sensação de que a duração de 1h e 35min era o suficiente para este documentário. Mesmo que haja certos planos bastante arrastados e lentos, o longa consegue nos manter focados, atentos e nos tocar levemente. Pois bem, estas sensações que citei faz com que a obra evolua – e digo isto de uma forma completamente literal – tanto com a parte técnica, como a emocional.
Entretanto, o roteiro de Retratos Fantasmas gira em torno de seu próprio diretor, Kleber Mendonça Filho. A partir do primeiro ato, digamos que há um resquício de filme, pois é de se envolver com seu linguajar e com suas fotografias (que tirou quando mais novo). Estas fotografias serão fundamentais para que haja um certo ‘diálogo’ com o espectador. E digo, desde já, que predominarão pelos dois primeiros atos.
Outro ponto que gostaria de citar, é sobre sua edição de efeitos sonoros e, claro, sua mixagem final – que une voz e música –. No entanto, além de nos prestigiar com nossas eternas canções da boa MPB, a narrativa caminha, também, através de pequenos sons emitidos – sejam eles pelos personagens, ou objetos – que dão aquela veracidade ao longa.
Como já havia apontado, o filme evolui bastante ao chegar em seu terceiro ato. Evolui no tempo em que se passa a obra, até seu último momento. Nem sempre o propósito da fotografia é dar beleza ao filme. Neste caso, porém, teria de ser assim. A forma como a cinematografia de Pedro Sotero retrata a atual Recife, é formidável - ainda mais por sua cena final.
Retratos Fantasmas funciona depois que o vimos, pois em sua assistida – muito curiosa e envolvente, por sinal – , ele serve mais como uma obra histórica.
No Entanto, posso dizer que é um longa de pura intelectualidade e inteligência do cineasta Kleber Mendonça Filho, que, em longas anteriores a Retratos Fantasmas, nos oferece muito conteúdo.
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